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minhas notas

09.02.17

Este Verão fomos confrontados mais uma vez com o drama dos incêndios. No meu Concelho, Boticas, foi dizimada metade da mancha florestal, segundo estimativa do Senhor Presidente da Câmara, Fernando Queiroga, com a agravante de ser zona de caça. Na Madeira, assistimos mesmo a uma cena medonha e infernal. De acordo com as contas finais, terão morrido 4 pessoas, foram atingidas mais de duas centenas de casas, cerca de mil pessoas ficaram desalojadas, foram consumidos milhares de hectares de floresta.
Todos os anos levante-se uma grande celeuma à volta das causas e soluções para os incêndios. Com as sirenes dos bombeiros como música de fundo e no calor do momento, engenheiros, especialistas, estudiosos apresentam teses e estudos sobre a floresta e a sua má gestão, bem como soluções para esta chaga veranil. O governo compromete-se a enfrentar a sério o problema com a máxima urgência. Diretores e gestores de organismos ligados à gestão da floresta proferem discursos moralistas sobre a incúria do povo e do governo. O que é certo é que todos os anos persiste a sensação que pouco ou nada se faz, não há um verdadeiro plano nacional bem articulado com todos os agentes para se gerir bem a floresta e se combater os incêndios, o governo desliga-se do assunto, os cidadãos não mudam comportamentos. Já estamos a ver o que aí vem no próximo Verão.
Daí que os nossos bispos, reunidos em Fátima no dia 11 de Outubro, talvez também já um pouco saturados, como muitos portugueses, das proclamações de boas intenções na altura dos incêndios, que depois não dão em nada, através do seu porta-voz, P. Manuel Barbosa, tenham alertado para a importância de não se baixar a guarda na prevenção dos incêndios e que as promessas são mesmo para cumprir. Já estamos a encarreirar no costume: «parece haver um certo arrefecimento e que os incêndios arrefeçam está muito bem, mas o assunto em si não pode arrefecer. Os incêndios estão longe, esperemos que nunca apareçam mais e isso tem que ser muito bem preparado, é uma questão que envolve a todos».
Vamos lá ver se de uma vez por todas se faz uma gestão séria e competente da floresta e se se cria uma verdadeira estratégia nacional de combate aos incêndios, bem preparada pelo governo e organismos que têm essa responsabilidade. Pelo que se vai vendo, sem evitarmos a exasperação, está tudo ainda nas cinzas.
2.Acometido por um ato de fúria e loucura, um cidadão de Aguiar da Beira é suspeito de ter morto duas pessoas, uma da GNR, e de ter ferido outras duas com gravidade. Até este momento anda desaparecido. Começam a surgir no nosso país manifestações de violência inusitadas, o que faz transparecer a perda de valores e princípios fundamentais na nossa humanização e educação. D. Manuel Linda, bispo das forças armadas, no dia do funeral do GNR falecido, dirigiu uma carta aos familiares e amigos, onde chama a atenção para falhas na atual educação e formação humana e para alguma errância cívica: «a nossa cultura e maneira de viver, aqui na Europa, está a tornar-se problemática. Por um lado, à base de um conceito errado de liberdade, não se insiste na modelação do nosso temperamento, na formação moral e na educação para os valores. E o mal mais terrível encontra campo aberto para se impor, a ponto de a vida humana se tornar apenas uma questão de preço e, por sinal, para os malvados, um preço muito baixo: mata-se por «dá cá esta palha», como diz o povo. Por outro lado, as Forças de Segurança, concretamente a Guarda, são ignoradas pela maioria, menosprezadas por muitos e até adiadas por alguns. Delas se exige que a legalidade impere mas, quando as coisas correm com tranquilidade, alguns acham que estão a mais.» E deixou um recado ao governo e ao cidadão em geral, com o qual concordo: «qualquer dia sujeitamo-nos a que poucos ou nenhum queiram entrar nesta Força de Segurança porque a dureza de vida é enorme, a exposição social incomoda e a compensação, concretamente o salário, é muito pequena. Então, que queremos? Que o mal campeie e a ilegalidade alastre por falta de quem lhe ponha cobro? Eis, pois, uma questão não apenas social, mas mesmo moral: dê-se à Guarda e às outras Forças de Segurança os meios humanos e técnicos, os equipamentos e a formação sem os quais não podem afrontar o mal que cada vez parece ressurgir com mais intensidade. E faça-se tudo para se valorizar, social e economicamente, esta altruísta e nobre função de preservar a boa harmonia social, a paz, a liberdade e a legalidade.»

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