26.09.16
1.Apesar de alguns atrasos e de algumas falhas, que a imprensa não deixou de denunciar, o Brasil esteve à altura da organização dos míticos Jogos Olímpicos, na maravilhosa e esplendorosa cidade de Rio de Janeiro. Tanto na cerimónia de abertura, como na de encerramento, o Brasil expôs de forma competente a sua arte, a sua singularidade, a sua história e a sua riqueza, assim como o seu fascínio. Que pena andar nas bocas do mundo porque destituiu uma «presidenta», com o parlamento brasileiro, por vezes, a dar um espetáculo deprimente, e apresentar níveis de violência e de corrupção inaceitáveis para um país que integra ou pode integrar o pelotão das potências emergentes no século vinte e um!
Mas, considerações biliosas à parte, vale a pena salientar a importância e a festa humana que são os jogos olímpicos. Como escreveu o teólogo brasileiro Leonardo Boff, num artigo na plataforma digital Religion Digital (artigo onde vou beber copiosamente), «são um dos poucos espaços nos quais a humanidade se encontra consigo mesma, como uma única família», onde tomamos consciência de que fazemos todos parte da mesma espécie e temos um destino e uma casa comum. Com elevação, respeito e beleza, celebra-se a vida e a comunhão com os outros, a presença e a importância dos outros na nossa vida, tal como eles são. Cada um mostra o melhor de si e é respeitado, na sua identidade e na sua diferença. Todos se sentem ao mesmo nível, para além das diferenças culturais, ideológicas e religiosas. «Os jogos olímpicos são uma metáfora da humanidade humanizada», afirma Leonardo Boff, ou seja, são imagem do que devia ser sempre a humanidade e de como devemos agir e interagir uns com os outros, sejam pessoas, sejam povos.
Os jogos olímpicos sublinham «a importância antropológica e social do jogo», enquanto meio que, de forma singular, humaniza, integra e socializa. Seria bom que a lógica olímpica imperasse no quotidiano da vida, ao contrário da lógica capitalista, que enfrentamos todos os dias: esta exclui e tenta esmagar o concorrente. Aquela inclui, todos participam, respeitando-se as qualidades e o virtuosismo de cada um.
Nós, cristãos, não podemos deixar de testemunhar o significado transcendente do jogo. Fala-nos do ser de Deus e do ser que o ser humano deve ser. O jogo, que brota da fantasia criadora do ser humano, é expressão de uma liberdade sem coação, de um mundo sem finalidade prática, livre do lucro e de benefícios individuais. O jogo proporciona o simples encontro, o conviver e o estar com os outros, sem qualquer outro fim, numa recriação gratuita da vida. O jogo estimula e aprofunda o ser para os outros e com os outros. É um espaço singular de encontro e de humanização.
2. Quanto à nossa vida caseira, gostava de deixar algumas observações. Definitivamente, penso que a localização das bandas de música na festa de Montalegre tem de ser repensada, como já vários maestros das bandas alertaram. É uma aberração colocar duas bandas de música a cinquenta metros de um grupo musical. Para além de ser extremamente incomodativo para os músicos, há momentos de atuação das bandas que não se ouvem. Sei que custa mudar os hábitos das festas, mas tem de haver coragem para se corrigir o que está mal. Sugiro o largo da Igreja Nova, ou então o largo do Ecomuseu, sendo a rua direita um bom espaço de circulação. Continuar como está é um disparate, com grande prejuízo para as bandas, sendo sinal de alguma inépcia da nossa parte.
O troço da nacional 103 entre Montalegre e Boticas tem algumas pontes com o trânsito condicionado. Já aqui uma vez alertei para algumas coisas que poderiam e deveriam ser melhoradas. Já que as pontes condicionam o trânsito, então ao menos que tenham boa visibilidade, que é o que neste momento não têm. As margens estão cheias de carvalhos, silvados e arbustos. Não faltam casos de carros que só se avistam mesmo em cima da ponte, recuos perigosos de carros, travagens bruscas de pesados, que estão bem à vista, cruzamentos de carros no limite, entre outros. Isto é incompreensível. Se os cidadãos são obrigados a limpar cinquenta metros das envolvências das suas casas por causa dos incêndios, o Estado deveria ser obrigado a limpar cem ou duzentos metros nas imediações das pontes de trânsito condicionado, para não acontecer que um automobilista seja surpreendido e tenha de decidir passar ou não passar a ponte mesmo no limite. Sei que não é uma estrada sob a égide da Câmara Municipal, mas peço ao Município que faça chegar ao órgão competente uma exposição ou um protesto, solicitando a boa visibilidade nas pontes de trânsito condicionado. E já que escrevo sobre estradas, e dentro da cidadania ativa e atenta que defendo, não ficava nada mal ao Município dar um arranjo como deve ser à estrada entre Antigo de Sarraquinhos e Arcos, e não é assim ela tão comprida. Já vários cidadãos, que pagam imposto de circulação, nos quais me incluo, manifestaram que deixaram de passar na referida estrada por causa do seu mau estado. Já não estamos em tempo, penso eu, de termos estradas assim. Não tem muito trânsito, mas quem lá passa paga impostos como os outros e merece respeito como os outros.