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minhas notas

24.01.12

Durante a época natalícia, tomei parte em alguns acontecimentos e tive a oportunidade de ler algumas coisas, que, neste primeiro artigo do ano, gostaria de partilhar convosco.
Como não podia deixar de ser, o período que antecede o Natal é rico em ceias de Natal. São expressão da comunhão, da fraternidade e do amor que o Natal de Jesus significa. Os Bombeiros Voluntários de Montalegre realizaram a sua no quartel, convidando todo o corpo e os representantes das instituições que mais directamente contribuem para a vitalidade daquela associação. Uma figura mereceu destaque: o Senhor Leonardo, natural de Fermil, Concelho de Celorico de Basto. Segundo as palavras dos oradores, há muitos anos que é um homem exemplar e extremamente dedicado no cumprimento do dever dentro daquela casa, com verdadeiro espírito de serviço e de sacrifício. Estava na hora de lhe fazerem uma homenagem. Interessante foi a resposta do Senhor Leonardo, para todos os que o podiam ouvir: «ó meus amigos, o que eu fiz (ou faço) é o que todos temos obrigação de fazer», ou ainda «temos de ser amigos uns dos outros e temos de nos ajudar uns aos outros». Simples a pessoa é, simples são as suas palavras. Mas são merecedoras de reflexão. O que o Senhor Leonardo disse é a mais pura das verdades. O que se faz pelos outros, muito ou pouco, não deve ser digno de homenagem. É nossa obrigação. Pessoalmente, e falando no geral e não desta em concreto, não sou adepto de homenagens. Não as ponho em causa, nem a sua justiça. Todas as pessoas que foram homenageadas certamente que o mereceram. Mas muitas vezes andamos a homenagear o que temos obrigação de fazer e ponto final. Quem é que não tem o dever de ser uma pessoa exemplar, um cidadão como dever ser e um grande embaixador da sua terra? Todos. Não se deve merecer elogios por se ter feito o que se tinha a fazer. Além do mais, tenho para mim que as homenagens devem estar reservadas para Deus. Só ele sabe a verdade da nossa entrega, do nosso amor, da nossa dedicação e a pureza do bem que fazemos. Quanta vaidade e orgulho não andam por aí mascarados. Não nos esqueçamos da resposta do Senhor Leonardo «o que eu fiz, todos temos obrigação de o fazer». Ou então, lembremo-nos do Evangelho: «Quando tiverdes feito o que tínheis a fazer, dizei: somos inúteis servos. Fizemos o que tínhamos a fazer». As verdadeiras homenagens ainda estão por fazer: as muitas mães que criaram dez e doze filhos e só Deus sabe como. Parabéns, Senhor Leonardo.
Viva e alegre, como sempre, apesar de a maioria dos seus participantes já estar no Outono e no Inverno da sua vida, esteve a Ceia de Natal da Santa Casa da Misericórdia, sem desprimor para as outras. Principiou com a celebração da Eucaristia, seguindo-se a ceia. Duas notas de destaque: a boa gastronomia e a diversão, que esteve a cargo de um grupo de música popular de Salto. Parabéns às cozinheiras, aos amigos da pândega e à direcção, que tem gerido com competência a instituição.
Animada e fraternal também esteve a ceia dos Irmãos de S. José, associação de cariz religioso e paroquial da Paróquia de Montalegre. A associação está a procurar revitalizar-se um pouco. Está aberta a novos membros. Quem quiser fazer parte da associação, dirija-se ao pároco, eu mesmo.
O Agrupamento de Escuteiros 1115 de Montalegre optou por fazer um lanche de natal. Foi boa ideia, olhando-se aos tempos que estamos a viver e para não chocar com outros eventos. Algumas famílias responderam ao convite, pondo em comunhão algumas iguarias pouco recomendadas por nutricionistas. Foi agradável e também não faltou diversão, que esteve a cargo do João Mano, filho do Germano, e da sua namorada. Se tocarem sempre assim, a coisa não está mal encaminhada. No final, numa conversa amena entre os pais, salientou-se a necessidade de maior empenho e de dar um pouco mais de alento ao movimento, remando-se um pouco contra a cultura instalada em Montalegre de só se viver de labaredas que não dão brasas. O movimento está aberto a novos membros, crianças dos seis anos para cima e adultos que queiram ser dirigentes. Se alguém está interessado, dirija-se ao Chefe Olegário ou ao pároco. Parabéns ao chefe Olegário e aos pais que ainda procuram manter vivo o movimento.
Vejamos agora outros ecos menos bons. Mais uma vez, como eu suspeitava, apareceram notícias sobre idosos abandonados e maltratados. Continuam a ser o elo mais fraco da sociedade. Que vergonha, meus amigos. As pessoas que mais respeito, amor e carinho deveriam merecer da nossa parte, são as que mais desprezo e repulsa experimentam. As famílias, como querem ir gozar férias chiques para não sei onde, deixam o «estorvo» numa urgência de um hospital e piram-se. Viva a sociedade moderna! Que grande exemplo! Outras, ficam-lhes com a reforma e dão-lhe umas pauladas para se acalmarem. Que nojo de sociedade! Desculpem a minha linguagem, mas é o que sinto. Então os senhores europeus que choram tantas lágrimas pelos holocaustos do passado, não se dão conta deste holocausto em lume brando em que os idosos são imolados?
O nosso ensino continua na cauda da Europa, apesar de se terem registado algumas melhorias nos últimos anos. 33% dos alunos que frequentam o 9º ano já chumbaram um ano. É das percentagens mais altas da Europa. Metade dos alunos que chegam ao 12º ano já chumbaram um ano. Há muito para andar. Temos de combater o abandono escolar e continuar a melhorar a nossa escola. A começar pelos pais, que desde casa devem impor o rigor, a exigência, o amor ao estudo e aos saber e não propor laxismos e facilitismos.
O número de bebés nascidos em 2011, em Portugal, é o mais baixo de sempre. Inferior a 98 mil nascimentos. O nosso país tem o segundo mais baixo índice de fecundidade de todo o mundo. Reparem nisto. E andámos nós a discutir a legalização do aborto! Estamos na cauda do mundo. Do governo ainda nem uma palavra. Faltam apoios à natalidade. Já é tempo de se irem lançando algumas medidas, por exemplo a promoção do trabalho a tempo parcial.  Repartição da licença entre o pai e a mãe. Entre outras. Em parte, a decadência da Europa está aqui. Vejam os números da China e da Índia.
O cronista Henrique Raposo, do Jornal Expresso, contou, numa das suas crónicas, os desabafos de uma mãe num velório. Não trouxe a filha de 15 anos ao velório porque «é muito pesado», «dá uma imagem dura e negativa da vida», pode traumatizar a menina. Nem a leva a hospitais porque dá de caras com a fragilidade humana e com o sofrimento. No entanto, não tem mal nenhum ter relações sexuais com o namoradinho, deixando-os a sós em casa. Quanto a isto, tem todo o apoio. Os pais modernos só querem vender aos filhos uma ideia da vida cheia de prazer, de alegria, pouco sacrifício, diversão, facilidade, comodismo. Em que mundo viverá esta mãe? Não se preocupe, minha senhora. A vida, muitas vezes, não é como nós queremos que ela seja, idealizada por nós. É como ela é. A realidade encarregar-se-á de ajustar contas um dia destes. Educar bem não é só mostrar umas coisas e esconder outras. Mas é ensinar a viver todos os momentos da vida e a viver humanamente a vida com toda a sua verdade.
Eduardo Lourenço, um dos maiores intelectuais e pensadores portugueses da actualidade, Prémio Pessoa 2011, numa entrevista ao Expresso, citou o excêntrico filósofo alemão Nietzsche, nas suas palavras, uma frase muito crística, «só os túmulos conhecem a ressurreição». Portugal está a experimentar o túmulo. Não é a primeira vez. Houve sempre ressurreição. Força Portugal.

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