18.11.11
Mais uma vez, sinto-me forçado a retomar a situação da adolescência e da juventude, na sociedade actual, e a mais que discutível, senão mesmo controversa, educação que muitos pais promovem. Olhando aos ecos que nos vão chegando da sociedade e dos artigos da imprensa que têm aparecido nos últimos tempos, confesso que me sinto profundamente preocupado e apreensivo quanto ao futuro e até mesmo estupefacto. E os principais responsáveis por eles continuam a jogar xadrez, como se nada se passasse. Possivelmente, os adolescentes e os jovens serão mais vítimas do que autores, neste mundo doentiamente tolerante, pansexualista e falocrático em que vivemos.
Vamos aos dados, suficientemente claros para nos ajudarem a constatar a bandalheira de valores, sentimentos e princípios que reina no universo adolescente e jovem: uma boa franja dos adolescentes em Portugal confessa que teve a sua iniciação sexual entre os 11 e os 14 anos; as relações sexuais são com vários parceiros, que se trocam em curtos espaços de tempo, muitas vezes sem qualquer cuidado ou protecção, praticando-se, pelos vistos, do mais sórdido que se possa imaginar; a maioria lê e vê pornografia, ao ponto de alguns já terem ido parar aos sofás de psicólogos e psiquiatras, tal a dependência; um bom número afirma que consome álcool sem regra, alguns acabando nas urgências dos hospitais, em coma alcoólico; além do álcool, há um consumo excessivo de drogas duras, altamente prejudiciais para a saúde; e para acabar em beleza, ainda vão para as redes sociais da internet praticar ciberbullying, humilhando, denunciando e chantageando os colegas com fofoquice e afirmações provocadoras. Ou seja, uma boa parte dos nossos adolescentes e jovens vivem entregues a uma vida libertina e desregrada, excessivamente hedonista, cheia de sexo, drogas, álcool e malcriadez.
E os pais, onde é que andam? Segundo eles dizem, muitos deixam-lhes fazer tudo, ao ponto de a permissividade de alguns os intrigar. Outros, estão longe, bem longe, julgando que os seus filhinhos são bem comportados e incapazes de fazer o que os párias fazem. Têm muito que fazer! Outros, demitem-se. Quem tem que educar é a escola. Outros ainda, pouco ou nada se importam. Se acontecer alguma coisa, lá se há-de resolver. Como é que isto está, meus amigos. Sonhar ser pai ou mãe é muito fácil. Ser verdadeiramente pai e mãe, é outra coisa e muitos actualmente não o são. Aliás, os senhores papás andam por aí preocupados com tanta coisa fútil e não se apercebem do abismo que estão a construir todos os dias, com a sua demissão, com a sua ausência, com a sua falta de autoridade e falta de diálogo construtivo com os filhos, muitos deles votados à solidão dentro de casa. Poder-se-ão alegar as mudanças e as novas realidades e os muitos condicionalismos do mundo de hoje, está certo. Mas não justifica tudo. Há muita incúria, impreparação, mau exemplo e falta de empenho de muitos pais.
Hoje em dia, grande parte dos adolescentes e jovens são educados na mais pura libertinagem, julgando que se pode fazer tudo e mais alguma coisa, que não há limites e regras para nada, que o que importa é o que apetece e não o que deve ser feito, que são donos e senhores da sua vida e do seu destino e que não devem nada a ninguém, que o único valor indiscutível é a diversão e o prazer, que só há direitos e não deveres para com a família, para com a comunidade e a sociedade. A sexualidade humana é assunto muito sério e que exige formação e maturidade, para ser vivida como digna de pessoas humanas e não de forma irresponsável e luxuriosa. Não é um jogo de crianças. A sexualidade humana tem de estar integrada na afectividade e sobretudo estar ao serviço do amor entre as pessoas e de projectos de vida saudáveis e humanizantes. Uma sexualidade que não vá por este caminho é alienante e desumana, contribuindo para a frustração e vazio interior das pessoas e para a instrumentalização e escravização dos outros.
A banalização da sexualidade, do álcool e das drogas não deixarão de ter graves consequências futuras, não só em termos de saúde, mas na estruturação da sua personalidade e da sua vida, nas suas relações humanas e no exercício da sua responsabilidade. Está na hora de despertar para a gravidade destes problemas e de promover uma reflexão séria, para se apontarem novos caminhos. É esta a adolescência e a juventude que queremos? Ao mesmo tempo, temos de abrir uma escola para pais. Educar, inspirado na velha paideia dos gregos, significa nutrir, alimentar com cultura, em sentido lato, para se ser verdadeiramente humano, significa arrancar à rudeza (erudito), ao estado selvagem para ser formado como verdadeiro ser humano. Duvido que muitos pais o estejam a fazer, como se vê.
2.Tenho o maior respeito e admiração pelas pessoas que se empenham em atrair pessoas a Barroso, usando a sua criatividade e lançando ideias novas. Mas, acho que algumas não são muito felizes. O filão do dito misticismo e do oculto, e digo dito porque o que se tem passado não é misticismo nenhum nem busca de oculto nenhuma, é pura diversão e rapioca, já causa enfado e até estranheza. Andamos a importar costumes e conteúdos que não têm nada a ver com a cultura barrosã (que muitos tanto defendem), como é o halloween, com a agravante de terem origem puramente pagã, não devendo, por isso, merecer grande atenção de cristãos católicos. Até é mesmo intrigante ver cristãos a organizar estas coisas. Em Montalegre chega-se ao Carnaval cansado. É tanta a caretada ao longo do ano que daqui a nada o carnaval não tem graça nenhuma. Não, amigos, não estou a criticar a Sexta-feira 13, que se lhe derem algum conteúdo cultural e servir para a mobilização dos agentes culturais, poderá ter a sua razão de existir. Agora, acho que o halloween é mais do mesmo. Só falta inventar a malhada das bruxas, a matança das bruxas e por aí fora. Se queremos atrair pessoas a Barroso, deve ser com a nossa cultura humana, paisagística, gastronómica, artesanal e social, que é rica, e não vestir a máscara dos outros. E já é tempo de corrigirmos o nosso complexo de Jericó: estar no mapa. Que eu saiba, Montalegre já está no mapa há muito tempo. Anda por aí a convicção de que só se tem valor quando se é conhecido ou falado. Quanto mais falado se é, mais importância e valor se tem. Nada mais ilusório. Está é na hora de se pensar nos que estão em Barroso e não tanto nos que podem vir a Barroso, de raspão. É preciso lançar linhas de desenvolvimento sólido e consististe e não nos preocuparmos tanto com estrondos ou folclores.