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minhas notas

12.06.09

PÚBLICO, 11.06.2009

António Barreto

Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal de Camões e das Comunidades Portuguesas

 

Dia de Portugal... É dia de congratulação. Pode ser dia de lustro e lugares-comuns. Mas também pode ser dia de simplicidade plebeia e de lucidez.
Várias vezes este dia mudou de nome. Já foi de Camões, por onde começou. Já foi de Portugal, da Raça ou das Comunidades. Agora, é de Portugal, de Camões e das Comunidades. Com ou sem tolerância, com ou sem intenção política específica, é sempre o mesmo que se festeja: os Portugueses. Onde quer que vivam.(...)
Os Estados gostam de comemorar e de se comemorar. Nem sempre sabem associar os povos a tal gesto. Por vezes, quando o fazem, é de modo desajeitado. "As festas decretadas, impostas por lei, nunca se tornam populares", disse (...) Eça de Queirós. Tinha razão. Mas devo dizer que temos a felicidade única de aliar a festa nacional a Camões. Um poeta, em vez de uma data bélica. Um poeta que nos deu a voz. Que é a nossa voz. Ou, como disse Eduardo Lourenço, um povo que se julga Camões. Que é Camões. Verdade é que os povos também prezam a comemoração, se nela não virem armadilha ou manipulação.
Comemora-se para criar ou reforçar a unidade. Para afirmar a continuidade. Para reinterpretar o passado. Para utilizar a História a favor do presente. Para invocar um herói que nos dê coesão. Para renovar a legitimidade histórica. São, podem ser, objectivos decentes. Se soubermos resistir à tentação de nos apropriarmos do passado e dos heróis, a fim de desculpar as deficiências contemporâneas.(...)
Os nossos maiores heróis, com Camões à cabeça, ilustraram-se pela liberdade e pelo espírito insubmisso. Pela aventura e pelo esforço empreendedor. Pela sua humanidade e, algumas vezes, pela tolerância. Infelizmente, foram tantas vezes utilizados com o exacto sentido oposto: obedientes ou símbolos de uma superioridade obscena.
Ainda hoje soubemos prestar homenagem a Salgueiro Maia. Nele, festejámos a liberdade, mas também aquele homem. Que esta homenagem não se substitua, ritualmente, ao nosso dever de cuidar da democracia.
As comemorações nacionais têm a frequente tentação de sublinhar ou inventar o excepcional. O carácter único de um povo. A sua glória. Mas todos sentimos, hoje, os limites dessa receita nacionalista. (...) Descobrimos mundos, mas fizemos a guerra, por vezes injusta. Civilizámos, mas também colonizámos sem humanidade. Soubemos encontrar a liberdade, mas perdemos anos com guerras e ditaduras.
Fizemos a democracia, mas não somos capazes de organizar a justiça. Alargámos a educação, mas ainda não soubemos dar uma boa instrução. Fizemos bem e mal. Soubemos abandonar a mitologia absurda do país excepcional, único, a fim de nos transformarmos num país como os outros. Mas que é o nosso. Por isso, temos de nos ocupar dele. Para que não sejam outros a fazê-lo.
Há mais de trinta anos, neste dia, Jorge de Sena deixou palavras que ecoam. Trouxe-nos um Camões humano, sabedor, contraditório, irreverente, subversivo mesmo.
Desde então, muito mudou. O re-
gime democrático consolidou-se. Recheado de defeitos, é certo. Ainda a viver com muita crispação, com certeza. Mas com regras de vida em liberdade.
Evoluiu a situação das mulheres, a sua presença na sociedade. Invisíveis durante tanto tempo, submissas ainda há pouco, as mulheres já fizeram um país diferente.
Mudou até a constituição do povo. A sociedade plural em que vivemos hoje, com vários deuses e credos, com dois sexos iguais, com diversas línguas e muitos costumes, com os partidos e as associações que se queira, seria irreconhecível aos nossos próximos antepassados.
A sociedade e o país abriram-se ao mundo. No emprego, no comércio, no estudo, nas viagens, nas relações individuais e até no casamento, a sociedade aberta é uma novidade recente.
A pertença à União Europeia, timidamente desejada há três décadas, nem sequer por todos, é um facto consumado.
A estes trinta anos pertence também o Estado de protecção social, com especial relevo para o Serviço Nacional de Saúde, a segurança social universal e a escolarização da população jovem. É certamente uma das realizações maiores.
Estas transformações são motivo de regozijo. Mas este não deve iludir o que ainda precisa de mudança. O que não foi possível fazer progredir. E a mudança que correu mal.
A Sociedade e o Estado são ainda excessivamente centralizados. As desigualdades sociais persistem para além do aceitável. A injustiça é perene. A falta de justiça também. 0 favor ainda vence vezes de mais o mérito. O endividamento de todos, país, Estado, empresas e famílias é excessivo e hipoteca a próxima geração. A nossa pertença à União Europeia não é claramente discutida e não provoca um pensamento sério sobre o nosso futuro como nacionalidade independente.
Há poucos dias, a eleição europeia confirmou situações e diagnósticos conhecidos. A elevadíssima abstenção mostrou uma vez mais a permanente crise de legitimidade e de representatividade das instituições europeias. A cidadania europeia é uma noção vaga e incerta. É um conceito inventado por políticos e juristas, não é uma realidade vivida e percebida pelos povos. É um pretexto de Estado, não um sentimento dos povos. A pertença à Europa é, para os cidadãos, uma metafísica sem tradição cultural, espiritual ou política. Os Estados e os povos europeus deveriam pensar de novo, uma, duas, três vezes, antes de prosseguir caminhos sem saída ou falsos percursos que terminam mal. E nós fazemos parte desse número de Estados e povos que têm a obrigação de pensar melhor o seu futuro, o futuro dos Portugueses que vêm a seguir. (...)
Não usemos os nossos heróis para nos desculpar. Usemo-los como exemplos. Porque o exemplo tem efeitos mais duráveis do que qualquer ensino voluntarista.
Pela justiça e pela tolerância, os portugueses precisam mais de exemplo do que de lições morais.
Pela honestidade e contra a corrupção, os portugueses necessitam de exemplo, bem mais do que de sermões.
Pela eficácia, pela pontualidade, pelo atendimento público e pela civilidade dos costumes, os portugueses serão mais sensíveis ao exemplo do que à ameaça ou ao desprezo.
Pela liberdade e pelo respeito devido aos outros, os portugueses aprenderão mais com o exemplo do que com declarações solenes.
Contra a decadência moral e cívica, os portugueses terão mais a ganhar com o exemplo do que com discursos pomposos.
Pela recompensa ao mérito e a punição do favoritismo, os portugueses seguirão o exemplo com mais elevado sentido de justiça.
Mais do que tudo, os portugueses precisam de exemplo. Exemplo dos seus maiores e dos seus melhores. O exemplo dos seus heróis, mas também dos seus dirigentes. (...) Dê-se o exemplo e esse gesto será fértil! Não vale a pena, para usar uma frase feita, dar "sinais de esperança" ou "mensagens de confiança". Quem assim age tem apenas a fórmula e a retórica. Dê--se o exemplo de um poder firme, mas flexível, e a democracia melhorará. Dê-se o exemplo de honestidade e verdade, e a corrupção diminuirá. Dê-se o exemplo de tratamento humano e justo e a crispação reduzir-se-á. Dê-se o exemplo de trabalho, de poupança e de investimento e a economia sentirá os seus efeitos.
Políticos, empresários, sindicalistas e funcionários: tenham consciência de que, em tempos de excesso de informação e de propaganda, as vossas palavras são cada vez mais vazias e inúteis e de que o vosso exemplo é cada vez mais decisivo. Se tiverem consideração por quem trabalha, poderão melhor atravessar as crises. Se forem verdadeiros, serão respeitados, mesmo em tempos difíceis.
Em momentos de crise económica, de abaixamento dos critérios morais no exercício de funções empresariais ou políticas, o bom exemplo pode ser a chave, não para as soluções milagrosas, mas para o esforço de recuperação do país.

08.06.09

Numa obra essencial da Filosofia no século XX, Ser e Tempo, o seu autor, M. Heidegger, retoma a famosa fábula sobre o Cuidado, de Higino, um escravo culto (64 a.C.-16 d.C.). Retomo-a, traduzindo literalmente.

"Uma vez, ao atravessar um rio, o 'Cuidado' viu terra argilosa. Pensativo, tomou um pedaço de barro e começou a moldá-lo. Enquanto contemplava o que tinha feito, apareceu Júpiter. O 'Cuidado' pediu-lhe que insuflasse espírito nele, o que Júpiter fez de bom grado. Mas, quando quis dar o seu nome à criatura que havia formado, Júpiter proibiu-lho, exigindo que lhe fosse dado o dele. Enquanto o 'Cuidado' e Júpiter discutiam, surgiu também a Terra (Tellus) e queria também ela conferir o seu nome à criatura, pois fora ela a dar-lhe um pedaço do seu corpo. Os contendentes tomaram Saturno por juiz. Este tomou a seguinte decisão, que pareceu justa: 'Tu, Júpiter, deste-lhe o espírito; por isso, receberás de volta o seu espírito por ocasião da sua morte. Tu, Terra, deste-lhe o corpo; por isso, receberás de volta o seu corpo. Mas, como foi o 'Cuidado' a ter a ideia de moldar a criatura, ficará ela na sua posse enquanto viver. E uma vez que entre vós há discussão sobre o nome, chamar-se-á 'homo' (Homem), já que foi feita a partir do húmus (Terra)'."

Heidegger, um dos maiores filósofos do século XX, mostrou que o cuidado é estrutura essencial do ser humano. O Homem, que tem a sua origem no cuidado, pertence-lhe ao longo da vida e não será abandonado por ele. O cuidado é duplo: preocupação ansiosa - a mãe diz ao filho: tem cuidado, filho! - e entrega abnegada, pois a perfeição do ser humano na realização das suas possibilidades mais próprias é uma tarefa do cuidado.

Viemos ao mundo e cuidaram de nós. Mas o cuidado não pode abandonar-nos nunca. Sem o cuidado, ao longo da vida toda, do nascimento até à morte, o ser humano desestrutura-se, sente-se perdido, não encontra sentido e acaba por morrer.

Não sei se o cuidado é mais próprio das mulheres. De qualquer modo, como escreve a filósofa M. L. R. Ferreira, "o tema do cuidado é o lugar por excelência em que se revela o pensamento maternal". E continua: "O cuidado é uma ternura vital, fruto do conhecimento e do afecto que temos pelos que estão a nosso cargo. Em todas as grandes religiões, em todos os mitos fundadores, em todas as culturas humanas a atitude de cuidado surge na sua dimensão compassiva de atenção ao outro. E as guardiãs do cuidado são as mais das vezes mulheres."

Cuidado, em latim, diz-se cura, que, para lá de cuidado, significa incumbência, tratamento, cura, inquietação amorosa, amor. Por esta via, chegamos também à medicina, que provém do latim mederi - a raiz é med: pensar, medir, julgar, tratar um doente -, que significa cuidar de, tratar, medicar, curar e que está também na base de moderação e meditação, sendo deste modo remetidos para um conceito holístico de saúde e de cura, que resultam e têm no horizonte sempre um equilíbrio harmónico.

Porque a sua essência reside no cuidado, o Homem, ser-no-mundo e temporal, precisa de ser cuidado e de cuidar. Cuidar de quê? Cuidar de si, dos outros, da Terra, da transcendência. Por afectos, palavras - ah!, a cura pela palavra! - e por obras.

Fragilizado ou doente, o Homem necessita de cuidados especiais. Aí aparece o médico ou o clínico (do grego klinein, inclinar-se), debruçando-se sobre ele/ela com o seu saber e técnica e também afecto e palavra, num pacto solidário. Em princípio, esse encontro dá-se no hospital ou na clínica.

Hospital vem do latim hospite, que significa hóspede, também em conexão com hotel. Como ser-no-mundo, o Homem é, logo na raiz, hóspede: somos hospedados no mundo. Significativamente, a palavra está ligada também a hoste, donde provém hostil. Não nos pedem, à chegada a um hotel, que em inglês também se diz hostel e em espanhol hostal, a identificação, pois não se sabe quem chega por bem ou por mal?

Espera-se que o hospital seja lugar de hospitalidade e não de hostilidade. Em francês, para hospital, também há o composto Hôtel-Dieu. Lá no termo, quem não espera ser hospedado pelo Deus da graça?

                 

                                                   Anselmo Borges, Diário de Notícias, 6.6.2009

08.06.09

Amor é característica suprema de Deus

 

O Papa sublinhou o amor como característica suprema de Deus, assinalando o Dia da Santíssima Trindade. Na oração do Angelus de domingo, Bento XVI lembrou que esse amor pode ser visto nas grandes coisas, mas também na mais pequena partícula do Universo.

 

“Deus é todo e só amor. Amor puríssimo infinito e eterno. Não vive numa esplêndida solidão, pelo contrário, é fonte inesgotável de vida, incessantemente se dá e se comunica”, disse o Papa.

 

“Podemos de algum modo intuir isto observando quer o macro universo: a nossa Terra, os planetas, as estrelas, as galáxias; quer observando o micro universo: as células, os átomos, as partículas elementares”, sugeriu. “O próprio ser humano traz no seu genoma a marca do amor”, concluiu

Bento XVI.

                        Página Um da Renascença, 8.6.2009

08.06.09

Haja o que houver eu estou aqui;

 haja o que houver espero por Ti.

Volta no vento, Tu que és Amor;

volta depressa, por favor.

Há quanto tempo já esqueci

porque fiquei Longe de Ti.

Cada momento é pior,

volta no vento, por favor.

Eu sei, eu sei Quem és para mim,

haja o que houver espero por Ti.

 

Pedro Ayres Magalhães (adapt.)

06.06.09

Em vésperas de eleições europeias, vale a pena sublinhar o que Ratzinger enuncia como os três elementos constitutivos da Europa. Em primeiro lugar, o reconhecimento de que a dignidade e os direitos humanos são anteriores às jurisdições dos Estados. Assim, os legisladores devem simplesmente reconhecê-los e não inventar novos direitos humanos nem diluir a sua importância, segundo os ditames da moda.

 

O segundo ponto que definiu desde sempre o rosto da Europa é o matrimónio entre homem e mulher, monogâmico, e a defesa da família como célula base da sociedade e do próprio Estado. Considera o actual Papa que a Europa não será mais Europa se esta célula fundamental desaparecer ou se se modificar na sua essência, nomeadamente, no que se refere às uniões homossexuais.

 

O terceiro pilar constitutivo da Europa refere-se à religião e ao respeito pelo sagrado. É justo, hoje em dia, penalizar os que desrespeitam os judeus, ou o Islão… Mas, quando se trata de cristãos, pode-se ofender à vontade, em nome da tolerância e da liberdade. Deparamos, então, com uma Europa compreensiva para os outros, mas incapaz de amar a sua própria herança e de perceber o que é grandioso, belo e puro. Conclui o actual Papa que os cristãos devem-se conceber

como uma minoria criativa e contribuir para que a Europa readquira de novo o melhor da sua herança. O nosso contributo passa, por isso e desde já, por escolher um candidato que reconheça estes três elementos definidos por Ratzinger.

                   

                                        Aura Miguel, rádio Renascença

 

04.06.09

O nosso mal é sono. Chega-se a casa tarde; tarde se janta; tarde se arruma a cozinha; tarde se acende a televisão; tarde se resmunga sobre os assuntos de família; tarde se acorda no sofá; tarde se deita… E cedo se levanta. Que vida é esta? Um disparate pegado.

Com sono tudo se faz, excepto pensar. Excepto sorrir. Excepto ouvir. Excepto prever. Excepto planear. Excepto ter gosto no trabalho, na família e no convívio com os colegas; e muito menos com os chefes. Excepto sonhar acordado, sobretudo com o fim de semana… em que novamente a gente se deitará tarde.

É verdade que, mesmo assim, somos capazes de meter-nos no trabalho até às orelhas, até porque, se não, despedem-nos, ou desclassificam-nos, ou falimos. Mas que não nos incomodem com mais nada! Estamos fartos!

Depois, não há quem entenda esta mulher, quem ature este marido; quem compreenda estas crianças; quem suporte estes sogros; quem tenha pachorra para os eternos problemas daquele irmão, ou do sócio…

E ainda por cima, esta crise! Mais os engarrafamentos…

Não é o nosso único mal, o sono, mas é um dos mais insidiosos e que nos passa mais despercebido.

Pe. Hugo de Azevedo

03.06.09

O monumento a Cristo Rei, em Lisboa, celebra este ano 50 anos. Não era necessário repetir até à exaustão que foi erigido em agradecimento a Deus pelo facto de Portugal ter ficado livre da 2ª Guerra Mundial. Isso aconteceu graças a habilidades políticas e diplomáticas. Então Deus livra uns da guerra e deixa que outros se matem impiedosamente? Quem disse que Deus numa guerra gosta de actores e espectadores? Melhor teria sido dizer que o monumento consagrou a forte espiritualidade e a vitalidade e coesão da Igreja Católica portuguesa numa determinada época da sua história e que o monumento vem lembrar a todas as gerações que a guerra nunca resolve nada, é sempre uma derrota da humanidade, e que é necessário construir a vida sobre uma mensagem sólida e consistente: O Evangelho.    

03.06.09

Todos os anos somos confrontados com um bom número de peregrinos que vão a Fátima a pé. Cada um terá as suas razões. Mas seria bom que toda essa caminhada fosse fruto de uma profunda vivência religiosa e cristã e de um compromisso efectivo com Cristo e com a igreja. Possivelmente, muitos peregrinos dispuseram-se a fazer um grande número de quilómetros para ir a Fátima, mas não andam cem metros para ir à missa na sua terra. Dispuseram-se estoicamente a passar sacrifícios, mas, possivelmente, na sua terra fazem muito pouco pelos outros ou quase nada. Ser peregrino é começar por sê-lo onde se vive, construindo comunhão com os demais e vivendo a fé com toda a sua exigência. A fé não é apenas uma senha para ir a um qualquer sítio pedir favores a Deus ou pôr as contas em dia com Deus. Aliás, já é tempo de se acabar com um dos equívocos de Fátima: ser um lugar para pagamento de promessas. Fátima é muito mais do que isso. É uma escola de humanização, de oração e fidelidade ao Evangelho. Aliás, que estranha forma de nos relacionarmos com Deus. Note-se a imagem que fazemos passar de Deus: que é Alguém difícil, que exige sacrifícios para me dar alguma coisa, que parece que anda alheio dos problemas das pessoas e que é preciso despertá-Lo e convencê-Lo com dores a fazer alguma coisa. Que Deus tão mauzinho…As promessas que nunca deveríamos esquecer são as do Baptismo.

03.06.09

Já há muito que desconfiávamos, mas agora confirma-se: está em curso uma campanha organizada por algumas forças ateias, segundo se diz, com algum peso político, que visa eliminar o ensino religioso da escola pública. Quem o disse foi Peter Stilwell, professor universitário e responsável pelo diálogo inter-religioso do Patriarcado de Lisboa. A Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) é actualmente uma disciplina alternativa no ensino em Portugal. É bom que se diga que EMRC não é catequese, mas é uma disciplina mais abrangente que se centra no estudo do fenómeno religioso, na dimensão religiosa e espiritual do homem, na transmissão dos valores basilares para a realização humana, civismo e cidadania. Para muitos, é um privilégio da Igreja católica no ensino oficial, o que não dá para compreender, a não ser que seja negado às outras confissões religiosas. 90% dos portugueses assumem-se católicos. Que país somos nós que não queremos aprofundar e estudar melhor o que assumimos? Esta campanha revela uma grande miopia: não se dá conta de que um ensino integral e completo tem de compreender o ensino da religião. Os últimos tempos têm-nos mostrado que o desconhecimento que temos uns dos outros pode criar choques e mal-entendidos devastadores. Se queremos fomentar o diálogo de civilizações e uma sã convivência entre culturas é imprescindível conhecer bem o fenómeno religioso e o património cultural e religioso de cada povo. É fundamental conhecer as crenças dos outros, como acreditam e vêem o mundo. Neste campo, EMRC tem um papel insubstituível e devia ser obrigatória. Mas o mais intrigante de todas estas movimentações é que contradizem todo o discurso oficial. Toda a gente se fiz defensora de uma sociedade tolerante, plural, aberta, democrática, livre, multicultural, respeitadora de todas as forças politicas, culturais e religiosas. Desculpem: a Igreja Católica está incluída?

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