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minhas notas

25.06.09

O nosso tempo tem um problema com o pudor. Se na vida corrente cada um continua recatado como antes, a cultura oficial faz enormes esforços para eliminar o que considera «preconceitos». Revistas, publicidade, filmes, televisão estão cheios de nudez aberta ou sugestões sexuais. Ser desinibido é imposição social. A pornografia passa por arte e a moda impõe o erotismo. Isso tem efeitos no quotidiano.

 

No Verão as ruas parecem praias e todos fingem ignorar o efeito lúbrico da exposição corporal. Em poucas décadas passou-se da dama que não mostrava o tornozelo para a que quase só tapa o tornozelo.

 

Mas não se deve dizer que a cultura não tem pudor. A natureza humana nunca muda, só altera as aparências. O nosso tempo tem muita modéstia, mas em coisas diferentes. Por exemplo, em religião.

 

É muito curioso notar como hoje se tem muito cuidado em ocultar pudicamente os sentimentos espirituais. Crentes e até clérigos gostam de falar de humanismo, solidariedade, valores, para tratar da sua fé, devoção, amor a Deus. O paralelo é evidente. Outras eras exaltaram a castidade como hoje muitos se orgulham do ateísmo, que é visto, não como uma posição religiosa entre outras, mas como uma dignidade superior, acima da corrupção das crenças. Como antes se via a virgindade.

 

No passado quando uma jovem se vestia de forma mais ousada apareciam logo guardiãs da decência a interpelá-la. Hoje se alguém manifesta em público a sua fé surgem também vestais ateias a protestar. E o argumento é igual: «isso são coisas para fazer na intimidade da alcova».

João César das Neves

 

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