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minhas notas

12.10.11

Começou um novo ano escolar. Com entusiasmos renovados e expectativas embebidas de optimismo, professores e alunos deitam mãos à obra e tornam-se companheiros de jornada. Para que o ano corra bem, é preciso reunir meios, que começam a ser menos, pelos vistos, é preciso conjugar o esforço de todos para se atingirem as metas traçadas, numa harmoniosa interacção entre todos os agentes envolvidos, mas, sobretudo, é preciso (e quantas vezes nos esquecemos disto) adoptar uma boa conduta e construir relações maduras e saudáveis entre todos. Sem qualquer snobismo de moralista, deixo aqui um conjunto de valores, que, na minha modesta opinião, devem ser observados e vividos na escola, no conteúdo e na forma, para que esta cumpra a sua missão e os seus objectivos: a aquisição de saber e formação dos alunos e a realização dos professores. Certamente, não proponho nenhuma novidade, mas recuperar o essencial é sempre bom.

Humildade. A escola é um espaço onde todos devem entrar com a vontade de aprender, abertos a uma lógica de dar e receber. Ninguém é assim tão sábio, que não tenha algo a aprender e ninguém é assim tão ignorante, que não tenha algo a ensinar. Evitar, por isso, a fanfarronice oca e a sobranceria arrogante. Saber ouvir a todos é fundamental, não se desperdiçando nenhuma centelha de sabedoria.

Respeito. Cada pessoa que faz parte da escola, seja ela quem for, porque é pessoa, merece ser respeitada. Respeito que se estende à maneira de ser, às convicções e aos valores de cada uma. É lamentável que se diferencie as pessoas pela sua origem ou pelas suas posses. Dificilmente se pode ensinar algo a alguém que não se sente amado ou que se sente diminuído aos olhos dos outros. Há que identificar preconceitos e ultrapassá-los e estabelecer relações de confiança e respeito mútuo, enriquecidas pela cortesia e boa educação.  

Organização. Uma escola só funciona bem com ordem e organização. Que cada membro que a constitui saiba exactamente o que tem a fazer, onde e como. A interacção entre os diferentes sectores deve ser clara e pragmática e todos devem estar devidamente informados dos processos e dos mecanismos que têm ao seu dispor na actividade escolar.

Competência. Como dizia há pouco tempo o Ministro da Educação, Nuno Crato, «ninguém ensina bem o que não sabe bem». Por isso, os professores tenham o cuidado de preparar bem as matérias, adoptando um discurso simples e claro, e tenham o cuidado de preparar bem as aulas. O improviso é sempre mau conselheiro. Fazer um esforço por adoptar um conjunto de métodos e estratégias diversificado, que vá de encontro aos ritmos e às necessidades dos alunos. Estes procurem valorizar o estudo diário e não só encima dos exames, e procurem ser criativos e críticos na assimilação dos conhecimentos.

Exigência. Não há bom ensino sem exigência. É decisivo lutar contra a preguiça, o facilitismo e o chico-espertismo. Impor o rigor nos comportamentos, nos objectivos e nos exames. Ajudar a interiorizar os valores do esforço, do sacrifício e da disciplina. Esta é fundamental para quem quer servir os outros. Sem disciplina não há responsabilidade. Em primeiro lugar, cada um procure ser exigente consigo próprio, tentando dar o seu melhor, combatendo a «ética minimalista», que só se fica pelos mínimos.  

Solidariedade. Se é certo que se deve impor a exigência e o rigor na escola, também é certo que não se deve cair na intransigência e no autoritarismo. As pessoas falham e erram e são condicionadas por muitos factores. Ao rigor e à exigência é necessário unir a compreensão e a entreajuda. O professor, em primeiro lugar, é o mestre, mas também é o amigo, que, ultrapassando os formalismos, leva a peito as dificuldades e as necessidades dos seus alunos e caminha com eles. Alguma competição é saudável, mas a escola não deve ser um espaço de competição pura e dura, tanto entre professores, como entre alunos. A vida não é abrir caminho, empurrando os outros para a valeta, mas é abrir um caminho onde todos caminhem.

Amor ao saber. A escola é o espaço onde, primeiro que tudo, se ensina e se aprende. Que fique bem claro nas acções e nas actividades que a sabedoria e o saber estão no centro. Promover o gosto por saber sempre cada vez mais, não só no sentido pragmático e utilitarista, para ser isto ou aquilo, mas para que se possa crescer como pessoa e melhor servir os outros. Lutar contra a ideia de se usar o saber para mais tarde se ganhar dinheiro, mas ganhar amor ao saber pelo saber e para se ser mais.

Amor à verdade. A escola deve ensinar o caudal de conhecimento que lhe depositam nas mãos, mas deve também provocar a reflexão e a crítica desse mesmo conhecimento, em total abertura a todas as correntes de pensamento, não deixando de ter sempre presente, no seu horizonte, as perguntas fundamentais da vida. Mais do que ensinar meias verdades, importa ser peregrino da grande verdade acerca da vida e da pessoa humana. A escola deve ser airosa e desempoeirada, aberta, dialogante, crítica das frases feitas e da mentalidade dominante, do pensamento instalado e das ideias cómodas.

Para finalizar acrescentaria a Alegria. Todos sabemos que o entusiasmo inicial esmorece rápido e que o cansaço e algum desencanto começam a marcar pontos. Mas o que se vai buscar à escola é sempre enriquecedor. Por isso, há que fazer um esforço por ser alegre e ser comunicador de optimismo e de energia positiva. E também sei que escrever isto é mais fácil do que colocá-lo em prática. Faltam por isso mais dois valores, ou se quiserem, duas virtudes: a paciência e a perseverança. Um bom ano escolar para todos.

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