10.05.09
Nos últimos anos tomaram conta do mundo os arautos do desenvolvimento e da economia, vistos como possuidores das chaves para todos os problemas humanos e sociais. Decretou-se a competitividade e a competição a toda força, por vezes de uma violência injustificável e inconcebível, em ordem a se atingir o maior lucro possível. Erigir impérios tornou-se a grande meta de muitas empresas, de parcerias e associações económicas. O dinheiro foi eleito o motor do mundo e entronizado como o grande “deus”, meio fundamental para se ser dono do mundo ou de parte, resolver todos os problemas e necessidades da vida e adquirir todos os bens de maneira a se poder levar uma vida faustosa e paradisíaca. Levada na onda, muita gente não perdeu tempo a investir todas as suas energias e tempo na conquista do deus “milagroso”, muitas vezes à custa da honra, dos princípios, da família e dos amigos. Mas afinal, parece que este deus é de barro e que se pode partir e desfazer em pó em poucos segundos…Pobre deus. O mundo parou um pouco e num ápice disparou como um flash diante das pessoas a sensação de que nos últimos anos andaram a trabalhar e a labutar em vão. Será que não andamos a construir a vida sobre a areia e que a todo o momento uma tempestade a vai reduzir a nada? Será o dinheiro o rochedo firme para se poder construir a vida? Esta crise mundial não pode deixar de ser vista como uma boa oportunidade para fazermos uma reflexão séria sobre a vida, nos valores em que ela assenta e redefinição de prioridades em ordem ao futuro. A economia tem um papel importantíssimo no desenvolvimento e na boa gestão de um país ou do mundo. O seu papel é insubstituível. Mas colocá-la no centro da vida das pessoas e dos povos é errado. E além do mais, já é tempo de a colocar ao serviço da pessoa humano e não ao contrário. É uma das escravidões que é preciso combater actualmente: a pessoa humana está ao serviço do lucro a todo o custo, com uma violência e exploração, muitas vezes, inqualificáveis. Tudo deve estar ao serviço do bem da pessoa humana e não ao contrário. É preciso mudar as estruturas, os esquemas, os sistemas, as metas, as prioridades, os valores que nos têm regido até agora.